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Capítulo 1 - Escola
*A caminhada para a escola não era muito complicada. A escola ficava bem pertinho da casa de Rafael e Ramon, então os meninos sempre conseguiam ir e voltar da escola bem rápido.*
- Rafael! Rafael! Vem mais rápido! - Seu irmãozinho, agora de pé e com seu uniforme um pouco sujo, chamava Rafael insistentemente. Ele sempre foi desse jeito, adorando sair na frente e ficar irritando seu irmão mais velho.
- C-Calma Ramon! Dá pra esperar um... pouco?? - Rafael para para respirar um pouco. Quando o rapaz se dá conta, eles já estavam de frente para os portões da escola. Rafael fica um pouco tenso. Os portões estão abertos de uma forma que parecem dentes afiados de algum animal silvestre.
Suando um pouco, Rafael toma coragem e dá um passo para dentro da escola.
30 minutos se passam. E então 1 hora. Rafael consegue contar os minutos se passando pois ele não tem muitas pessoas para conversar, então o menino passa o tempo desenhando de cabeça baixa e olhando para o relógio. Na escola, Rafael não é tão estudioso assim, honestamente ele é uma pessoa que sempre está na média.
Um menino, longe de Rafael, joga bolinhas de papel num outro garoto, enquanto a professora está ocupada demais escrevendo sobre discursos diretos e indiretos no quadro. O menino fica lá, sorrindo tontamente, enquanto o outro garoto xinga agressivamente o menino bobo e sorridente. Rafael para de ficar olhando e decide tomar conta de sua própria vida. Rafael só volta a copiar o dever. Então 2 horas se passam, e então trinta minutos se passam e... Tá na hora do recreio.
Rafael sai de sala e imediatamente se encontra com Ramon. Seus recreios são em horários diferentes, então quando o recreio de Rafael começa, o de Ramon está terminando.
- Ah. Oi Ramon! Tudo bem?
- E aí, Rafael. Tudo ótimo. A gente se vê daqui a algumas horas! - Então ele parte imediatamente em direção de sua sala de aula, todo animado.
*Que maravilha, hein. Sozinho de novo por trinta minutos. É cansativo demais ficar rodeado por grupos de amigos por toda a parte...*
- Hm? - Rafael observa ao seu redor, e seus olhos observam um garoto usando um óculos de sol, com cabelo bagunçado e com um sorriso no rosto. Uau, ele é bem descolado. Será que Rafael deveria ir fazer amizade com ele?
Por alguns segundos Rafael ficou perdido em seus próprios pensamentos.
*"Não é como se eu tivesse nada de melhor pra fazer né? Então seria até legal eu tentar arrumar algum amigo novo enquanto eu espero a aula acabar."*
*Eu penso. Então é isso. Eu vou ir até lá e vou conversar com ele!*
- ... Oi. - Rafael fala baixinho, se aproximando do garoto descolado cautelosamente. - Tudo bem?
- Ah, olá... Rafael, não é? - O menino ajeita seus óculos de sol, como se tivesse sido pego de surpresa.
- Isso mesmo. É... Desculpe, eu gostaria de... Espera aí, você sabe o meu nome? - Os olhos de Rafael se abrem com curiosidade. O menino olha pra longe por um instante e ajeita os óculos.
- Sim! Sabe, eu já ouvi o seu nome durante a chamada várias vezes, então eu sei quem você é, sabe? Mas, pô, você nunca conversa com ninguém. Então é meio esquisito ouvir a sua voz, sabe? - O menino parece estar meio desconfortável. Rafael recua.
- Entendi. Desculpe. Eu... Vou beber água. - Rafael se vira e sai correndo em direção ao bebedouro. Por mais que ele tenha tido uma conversa normal uma vez na vida ele ainda se sente um tanto quanto desconfortável.
...
*Isso não deu muito certo. Mas, uhh, fazer o quê, né?*
*Eu queria tanto que fazer amigos fosse uma coisa fácil. Pena que a vida não é da forma que eu gostaria que fosse.*
*Eu caminho pelo corredor até chegar no bebedouro. Eu bebo água calmamente, e assim que eu me levanto, eu suspiro. O que será que o Ramon faz pra conseguir os amigos dele? Ele é amigo de quase a sala inteira dele. Eu deveria pedir ajuda pra ele pra fazer alguns amigos mais tarde.*
*Quando eu finalmente acabo de beber água, eu volto e dou de cara com um menino narigudo.*
- Olha por onde você anda! - O menino narigudo grita. Ele tem um sotaque meio engraçado.
- Wendel, volta aqui! Se você fugir da escola mais uma vez, você vai se ver comigo! - A diretora vem andando, furiosa. Parece que esse menino narigudo fez alguma besteira...
*Eu só continuei caminhando pela escola. Sem rumo. Haviam grupos de amigos por toda a parte, e eu, o solitário, esquisito, diferente, estava caminhando sozinho pela escola, sem poder conversar com ninguém. Me sentindo incrivelmente desanimado, então... Eu só me sento numa parte quieta da escola, onde ninguém poderia me perturbar, e fico ali, derrotado, apenas olhando meu próprio sapato. Sentindo o vento tentar me consolar.*
- ...
*E então... A coisa mais esquisita que poderia me acontecer... Aconteceu.*
*Três sombras se aproximam de mim. Confuso, eu imediatamente olho para cima.*
- Olha só quem está por aqui. - Disse uma voz feminina, forte e irônica. A voz pertencia a uma garota pequena, de cabelos claros e longos. Com um olhar forte e furioso, ela parece carregar... Algum tipo de bastão?! Isso... É permitido aqui na escola? Ah não, espera... Rafael então percebe que é só papelão.
- Parece que o destino decidiu nos unir hoje. - Uma outra menina comenta. Esta é mais tranquila, mas parece bem ameaçadora. Essa garota carrega um livro com um símbolo esquisito na capa...
- Ei... Quem são vocês? - Eu pergunto, curioso, e... Com um pouco de medo. Não vou mentir. Se elas quisessem me bater, ninguém iria me encontrar desmaiado nessa parte da escola tão cedo.
- Nós somos... As... Eu não lembro do nosso nome de grupo! Ahh! - A primeira garota pareceu se perder um pouco no papel.
- Ei, Amanda. Relaxa, a gente nunca definiu um nome pro nosso grupinho, de qualquer forma.
*A terceira garota, mais quietinha, só está observando a situação. Ela tem um olhar impiedoso e focado, como se estivesse olhando pro fundo da minha alma.*
- Somos um grupo de amigas bem... Improvável, não acha, Rafael? - A terceira garota comenta.
- E como é que você sabe o meu nome? - Rafael perguntou, um pouco preocupado.
- Eu sou da mesma sala que você, ué. Quase todo mundo lá da sala sabe o seu nome.
- Ok, ok. Já deu de apresentação. O que vocês acham da gente finalmente invocar um anjo? - Entusiasmada, a segunda garota dá um pulinho e abre o seu livro suspeito.
...
*Depois de mais um tempão de aula, o sinal tocou, sinalizando o encerramento do dia escolar. Rafael está voltando pra casa com o Ramon, comentando sobre as coisas esquisitas que aconteceram no recreio daquele dia.*
- E então a gente passou um tempinho conversando, elas se apresentaram, a gente tentou invocar um anjo, o que infelizmente não funcionou dessa vez, e essas coisas. Ramon, hoje foi um dos melhores dias da minha vida. - Rafael comenta sobre o que aconteceu pra ele entender.
- O quê?! Vocês tentaram invocar... Um anjo? - Ramon fica perplexo.
- Aham. Mas não deu certo por que estava de manhã, então eu e as meninas combinamos de tentar invocar mais uma vez esse anjo de noite aqui no terreno abandonado perto de casa.
- Haha, entendi. - Ramon riu. - Espera, quê?! De noite? Mas a mamãe nunca vai deixar você sair de casa depois do sol se pôr!
- Fica calmo, eu vou pensar numa solução pra isso!
- E vocês se viram mais? Essas garotas parecem ser bem engraçadas, sabe? - Ramon pergunta sorrindo um pouco.
- Quê? Ah, não. Depois do recreio elas ficaram fora de sala o tempo todo.
- Oi?! Elas não voltaram pra sala? Elas ficaram 2 horas no pátio da escola?! - Ramon olha para Rafael, curioso. - Você sequer sabe por que elas vieram falar com você em primeiro lugar?
*Assim que eu termino de conversar com o Ramon, a gente chega em casa.*
*Eu me pergunto o que vai acontecer a seguir... O começo do meu dia foi promissor até então, eu acredito que a partir de hoje eu finalmente vou ter pessoas pra conversar na escola!*
*Continua...*
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