top of page

Capítulo 3 - O Começo

Já era madrugada. Estava frio e Rafael esqueceu de trazer um casaco. Pra piorar, algo fez barulho dentro das árvores e Rafael e Ramon temiam o pior.

- Tem alguma coisa... Se aproximando, Ramon!

*Rafael e seu irmão congelam de medo... Até que... Um pequeno filhote de gambá sai da floresta, apavorado, e ignora os irmãos completamente, correndo pra longe. Rafael e Ramon então se encaram em silêncio por alguns segundos e começam a gargalhar.*

- Hahaha! Rafael, você tinha que ver a sua... Cara, quando o gambá saiu correndo, hahaha!

- D-Deixa de ser bobo, Ramon! Vamos logo!

- Hahaha!! Vamos, vamos!

- E ri mais baixo, a mamãe pode te escutar, seu bobalhão...!

- É... Você tem razão!

Rafael e seu irmão começam a caminhar, para longe de casa.

- ...... Que fome. - Rafael sente seu estômago roncar.

Ramon para por um segundo, e sente arrepios por todo o seu corpo, como pequenas agulhas, perfurando aleatoriamente partes do seu corpo.

- Cê tá com frio? - Rafael percebe e pergunta ao seu irmão.

- Quê? Claro que não.

- ... Então por que você-

*Rafael dá de cara num poste.*

- Hahahaha!! Você deveria prestar atenção por onde anda, Rafael.

Os dois continuam a caminhar, e Rafael resmunga um pouco.

- Ahh, fica quieto!

Rafael fica com um pouco de raiva com o seu irmão, implicando com ele em todas as oportunidades que apareciam.

                RAFABOY ZERO
                -- o livro --

*Um pouco mais cedo...*

*Ainda é horário escolar. Rafael estava sentado no chão, só ouvindo o que as meninas estavam a dizer.*

- ...... - Rafael não diz nada. Só fica olhando as garotas enquanto elas pareciam ter uma conversa super divertida.

- E você... Não vai dizer nada? Vai só ficar aí parado? - A menina animada, aparentemente chamada de Amanda, pergunta a Rafael, depois de ver o menino sem dizer nada.

- Ah é, desculpe. - Rafael prontamente fica de pé - Isso tudo é novidade pra mim sabe, ninguém nunca veio falar comigo nessa escola.

- Ah, a gente entende. - A garota animada responde, com um ar calmo e paciente.

- É, ninguém fala muito com a gente também. - A menina carregando o livro diz. - Exceto um pessoal muito maneiro lá da sala. Se você quiser, a gente pode te apresentar lá amanhã.

- É! Boa idéia, Patrícia! Eu nem ac-

De repente Rafael para e só consegue focar em algo um pouco mais distante. Ele força a visão. Tem uma garota com os olhos fixados nele. Essa garota tem cabelos loiros e parece ter sido pega de surpresa quando você começa a olhar de volta pra ela.

- Aahh... *Aquela garota* tá olhando pra cá de novo.

    ...

Que frio...

Rafael está tremendo um pouco. Tanto de frio quando de medo, por estar cercado por árvores e se sentindo bem mal.

- Sua cara tá melhor, Rafael? - Ramon pergunta, ainda olhando pra frente. Provavelmente para não esbarrar em um poste sem querer.

A rua era pequena, mal-iluminada e dava um certo pavor por quem passava por lá naquela hora da noite.

- Não sei se é o frio, mas eu tô me sentindo meio... Coisado. - Rafael comenta.

- Coisado como? - Ramon olha com certa curiosidade para seu irmão mais velho.

- Sei lá? Parece que tem alguém nos observando. Eu não sei, eu não sou muito bom deduzindo quando estão me observando ou n-

De repente, Rafael é interrompido pelo som de passos, de alguém correndo. Uma sombra pequena pode ser vista mais pra frente, correndo.

- O que foi aquilo?! Será que era um monstro? Vou ir na frente e ver o que é! - Ramon sorri e sai correndo na escuridão.

- Ei! Não me deixa aqui! Ramon! - Rafael vai correndo atrás de seu irmão.

*Que menino descuidado...*

Sem motivos para voltar para trás agora, Rafael persegue seu irmão. Sendo acompanhado apenas pela luz das estrelas. Uma hora, ele alcança o terreno abandonado que eles tanto queriam chegar. Lá, tem uma pequena plantação de trigo, com algumas outras plantas bonitas, como alguns girassóis e repolhos.

Do lado de Ramon, também havia uma menina baixinha, aparentemente tendo a mesma idade de Ramon. Ela usava roupas engraçadas e falava com um sotaque meio estranho.

- Olha só Rafael! - Ramon me mostra a menina, parecendo feliz.

- Quem é essa menina, Ramon?

- Ah, então este é o seu irmão, Ramon? Nossa, que legal! É um prazer te conhecer, Rafael! - A menina diz isso olhando nos olhos de Rafael. Ela parece ser bem agradável. - Seu irmão sempre me contou muito de você lá na escola! Pera, eu me esqueci de me apresentar, desculpa!

- Tá tudo bem. - Rafael fica meio confuso, olhando ao seu redor, procurando as garotas... Será que elas desistiram, ou será que elas não conseguiram vir por algum motivo...?

- Ei! Foco aqui! Então, o meu nome é Joaquina, e eu estudo na mesma sala que o Ramon. Eu sonho em ser vaqueira! - A menininha misteriosa se introduz.

- Por que você tá... Aqui? - Rafael pergunta, parecendo meio cansado.

- Bem, eu sou amiga de umas meninas muito legais. Eu vi elas na escola surrando um cara bem feio, elas são um pouco mais velhas que eu, sabe? Aí, uma vez eu vi elas da minha janela, bem aqui, então eu saí de casa, e elas eram super agradáveis e nós viramos melhores amigas. Aí desde então eu fico aqui fora esperando elas todos as quartas por volta desse horário. Mas hoje elas não vieram por alguma razão. - A tal de Joaquina termina sua historinha bem longa e fica me encarando. - Legal né? Acho que eu vou me deitar.

- O que? Se deitar? Mas onde? - Eu pergunto.

- Ué, na plantação de trigo. - Joaquina me responde com um sorriso no rosto. - O trigo é tão macio que eu já dormi nele uma vez.

= Tá... Bom?

A menina entra na plantação e fica olhando pra cá. Enquanto isso, Ramon parecia estar encarando alguma coisa...

- Ramon, você não vai vir?

- Aham, pode ir na frente, eu... Tô meio ocupado.

- Err- tá. Só vem logo, ok?

Que incomum. O Ramon, ocupado. Ele é a pessoa mais desocupada que eu conheço! Mas então, sem enrolar mais, eu só entro na plantação de trigo e encontro com a Joaquina. De repente eu lembro de algo esquisito que tinha acontecido mais cedo.

- Então, você é colega do Ramon e daquelas meninas, né?

- Aham. - Joaquina balança a cabeça, dizendo que sim.

- Você conheceria também uma menina de cabelo loiro que-

- Ah, tá falando da
Jasmin? Ah, talvez.

- Como assim, talvez? Você acabou de dizer o nome dela.

- Droga! Me entreguei! Olha, talvez nós sejamos melhores amigas, mas nada demais! Ela nem me conta tantas coisas assim, sabe? - Joaquina parece bem nervosa mesmo.

- Calma aí, que nervosismo é esse... Eu nem sei quem essa garota é-

- Rafael, não se preocupa, amanhã eu tenho certeza que essa menina vai falar com você. - Joaquina parece finalmente voltar ao normal. Ela soa bem alegre, isso é, até o Ramon decidir interromper a conversa.

- Aí pessoal! Vocês não vão nem acreditar no que eu encontrei! - Ramon fala super animado.

- O que foi? - Eu e a Joaquina questionamos, ao mesmo tempo.

- Eu achei uma van do outro lado da rua! Eu consegui dar uma espiada e vi que ela estava cheia de doces!

- Isso parece ser meio suspeito. Uma van parada cheia de doces? - Eu fico preocupado.

- Relaxa Rafael! A van tá vazia! Vem comigo pegar uns doces? - Ramon, teimoso, insiste nessa idéia.

- Cê tem certeza que a van estava vazia? - Até Joaquina fica meio preocupada.

- Certeza absoluta! Confia.

- Melhor não... Não é melhor a gente voltar pra...

- Aaah nããão! Você não quer doces? Por favor né, Rafael, você nunca vai conseguir uns amigos maneiros se você continuar *desse* jeito.

- Rafael, você poderia trazer uns doces pra quando as meninas chegarem, não? Talvez pra
Jasmin, hein? O que você acha? Seria tão nobre da sua parte dar umas balas em formato de coração pra ela amanhã, hein? O que você acha? - Joaquina diz.

- É! Vamos vamos vamos!!! Pense na
Jasmin! - Ramon fala, sorrindo com confiança.

- .........

Será que isso é certo mesmo... Ou...

.........

Eu não sei...

- Ah, qual é? Não tem nem o que pensar! Nós vamos ir, pegar alguns doces, comer e só voltar pra casa! O que você acha? - Ramon fala, com o rosto exalando confiança.

Eu sinto um nó no meu pescoço.

Será que... Eu deveria... Realmente ir?

É sufocante.

Sim, essa é a melhor forma de expressar o que *EU* estava sentindo naquele momento.

Eu... Não sei. Eu não sei. Eu não sei. 

- Rafael, se você for... Eu dou uma pulseira que eu fiz ontem pra você! - Joaquina diz, radiante.

Eu... Acho que...

- Ah, um docinho não mata, né? - Eu finalmente me decido.

- Aee! Vamos lá! - Ramon, alegre, vai correndo em direção ao outro lado da rua.

- Beleza, enquanto vocês vão lá, eu me deito um pouquinho. - Joaquina, alegre, se deita na plantação de trigo, sem querer esmagando um girassol.

Eu e Ramon vamos lá, atravessamos a rua e damos de cara com um carro escuro de frente para a floresta escura.

Exceto que, dessa vez, as coisas estão diferentes. Uma névoa leve se formou nas nossas pernas, e a floresta está meio que coberta de névoa. Um brilho desconfortável, quase assustador vem de trás das grandes árvores escuras, iluminando um pouco a minha frente.

E no meio disso tudo estamos nós.









Junto com a névoa, um vento frio e que faz a ponta do meu nariz arder com um cheiro fétido, mas que eu nunca havia sentido antes...

- Vamos só pegar os doces e vazar daqui! - Ramon, sorridente, decide ir correndo em direção ao porta-malas do carro escuro.

Espera...

- Você tem certeza que você não confundiu com uma outra? - Eu pergunto, enquanto eu olho fixamente para o Ramon.

Espera... Espera... Espera...

- Essa é a exata van que eu achei! Pega logo os doces!

- Para de me zoar... Esse carro tá vazio...

Estava escuro, mas eu podia ver claramente, o porta malas estava vazio.

- Não pode ser! Essa van estava lotada de coisas agorinha mesmo!

Quando eu me afasto eu vejo algo na frente de uma porta do carro.

Era... Uma pessoa? Difícil de enxergar, mas eu juro que era algo como uma sombra. Seu sorriso estava meio deformado em seu rosto branco e brilhante, como se fosse de plástico, mas era tudo tão realista... Que... Eu tinha certeza que era real, seus olhos sem vida me olhavam fixamente, e no momento em que meus olhos se encontraram com os olhos daquela coisa... Eu senti um arrepio, diferente...

De tudo o que eu já havia sentido antes.

Eu queria vomitar de nervoso, foi a pior coisa que eu já vi na minha vida. E então, aquela coisa correu em nossa direção, nos segurou e jogou a gente dentro do carro.

- JOAQUINA!! JOAQUINA! ME AJUD- 

*TSK*

- Ahh- Haaa...

Rafael tentava respirar, mas era fútil. Algo não o deixava respirar. Seu pescoço estava com uma dor aguda. Ele não conseguia sentir cheiro de nada, mas sua boca estava com um gosto metálico. Meio estranho...

- Ahhh....!

Rafael finalmente tombou no banco do carro, sua visão estava toda borrada. Ele não viu o que aquela sombra tinha acabado de fazer, mas... O seu pescoço estava...

- ......

Ramon estava olhando fixamente para Rafael. Seus olhos não sairam de seu rosto abaixado nem por um segundo.

- Eu...... Eu............

As palavras não saiam mais. Nem tinha razão para elas sairem em primeiro lugar. Já era tarde demais para dizer qualquer coisa mesmo.

===

*Na escola, mais cedo...*

De repente Rafael para e só consegue focar em algo um pouco mais distante. Ele força a visão. Tem uma garota com os olhos fixados nele. Essa garota tem cabelos loiros e parece ter sido pega de surpresa quando você começa a olhar de volta pra ela.

- Aahh... *Aquela garota* tá olhando pra cá de novo. - A menina mais quieta e isolada olha pra onde Rafael estava olhando e percebe a situação toda. - Qual o nome daquela garota mesmo? J... Jasmin?

- Heh, heh! Ela sempre ficou de olho em você, né, Rafael? - A menina segurando um livro comenta.

- Eu não sei, eu nunca percebi nada... - Rafael diz.

- Eu mal posso esperar pra você conhecer ela, eu acho que vocês poderão ser bons amigos.


    Continua....

© Luidy 2024 | Por favor não roube as minhas coisas. Nem venda elas. Ah é, e dê o crédito.

bottom of page