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Capítulo 5 - O Que se Esconde na Escuridão

Aquela pessoa especial se virou com um sorriso vívido e soltou um suspiro aliviado.

- Rafaboy, eu senti tanto a sua falta! Eu te procurei por toda a parte!

- Ramon? Nossa, eu senti tanto a sua falta também!

Eu corro e abraço ele.

- Você também veio pra essa cidade? Que bom!

- É, né? É uma looonga história. Prefiro te poupar dos detalhes, haha. - Ramon estava radiante.

- Eu nem te conto quem eu vi por aqui! A Jasmin! Uma garota da escola, nossa, você nem vai acreditar se eu te contar!

- Ah sim, acho que eu já ouvi falar dela.

- E então ela tá tomando conta da casa da avó dela que saiu para viajar. É meio longa a história também. Inclusive, era pra ela já ter me alcançado.

- Quer voltar pra casa dela? Bem, eu acho que não tem mais nada por aqui. - Ramon fala, convencido.

- Bem, pode ser, né?

Nós dois, alegres, começamos a caminhar, de volta para a casa de Jasmin. Passamos pelo balanço de pneu...

- Aí, Ramon, se lembra que a gente sempre quis um desses?

- Nossa, é verdade! Quando eu era menor, eu ficava morrendo de vontade de ter um desses! - Ramon, alegre, pula no pneu. - Ei, pode me ajudar a balançar um pouco? Os meus pés não alcançam o chão.

- Haha, é claro!

E a gente fica lá, brincando que nem uns patetas por alguns minutos.

- Vamos continuar? - Eu pergunto, exausto de tanto empurrar aquele pneu, muito pesado.

- É claro! Nossa, isso foi muito bom.

Nós continuamos nossa caminhada, passamos pelo hospital, que estava vazio.

- Nem a atendente tá lá dentro...

- Vai ver ela foi ao banheiro! Não deve ser nada demais, eu tenho certeza. - Ramon argumenta. - A gente não tem nada de muito sério que a gente precisa tratar, certo?

- É! Quer dizer, há pouco eu estava com uma dor de cabeça terrível, mas já passou!

Nós continuamos andando e conversando sobre vários tópicos, até chegarmos ao bazar. A moça ainda estava lá. Ela estava diferente... Parecia arrependida.

- Nossa, Rafaboy, que bom que você voltou. Desde que você saiu, eu estava me sentindo muito culpada. Isso não é certo... Vender as coisas do meu filho dessa forma fria não é algo certo...

- Uhh, que bom que se sente dessa forma. - Eu ainda estava meio desconfortável, mas me sentindo um pouco melhor agora que ela parece ter entendido que isso não é algo muito bom de se fazer.

- Eu peço desculpas. Vou fechar esse bazar agora mesmo. Pode ficar com o dinheiro que eu ganhei. Eu não preciso disso, eu me sinto suja.

Ela joga uma jarra de vidro no meio da estrada, que se quebra, revelando incontáveis notas de cem. E logo em seguida, fecha o portão da garagem da sua casa.

- Nossa, o que será que ela vendeu pra ganhar tanto dinheiro assim? - Ramon parecia bem curioso.

- Nem eu sei...

Como foi que vender as coisas do filho dela deu tanto dinheiro assim?

Mas então, nós continuamos a caminhar. Logo chegamos ao restaurante.

- Nossa, um restaurante. Podemos parar pra que eu possa beber água? - Ramon pede.

- Ah, claro que sim, eu até fiz uns amigos aí dentro! Então tá tudo certo. - Eu abro a porta, e lá dentro tudo está brilhando, tranquilo e calmo.

- Ah, Rafael! - Vinicius parece alegre agora que estou aqui de novo.

- E... Quem é você? - Marcos olha pra Ramon.

- Ele é o meu irmão, Ramon.

- Aaaah, Ramonboy. Faz sentido. Eu vi ele passando mais cedo aqui em frente ao restaurante, até achei que fosse você, Rafaboy. - Vinicius diz, olhando pra nós dois.

- Moleque, desde que você saiu, as coisas mudaram tanto. - Seu Zé comenta.

- Oh? O que exatamente aconteceu? - Eu pergunto, interessado.

- Nós recebemos um aumento... - Marcos começa...

- Duas vezes! - E Vinicius completa.

- Hoje o dia foi perfeito. - E Marcos fala de novo.

- Nossa, muito bom saber que eu ajudei em alguma coisa por aqui!

Nós ficamos lá e conversamos mais um pouco.

- Acho que já tá na hora da gente ir, pessoal. - Eu digo, me sentindo meio cansado.

- Tudo bem! Volte quando quiser comer uma pizza fresquinha! - Vinicius fala, enquanto acena pra gente.

- Até mais! - Rafael acena e então sai do restaurante.

- Quem eram aqueles? - Ramon pergunta meio curioso.

- Ah, meus amigos. É... O Vinicius é um colega antigo meu, enquanto o outro é seu irmão.

- Eles parecem com a gente, né? Haha. - Ramon ri.

- Oi? Não... Eles são bem diferentes.

- Aaah, eu acho que eles parecem bastante com a gente.

Nós continuamos a bater papo e passamos pela igreja.

No parquinho, aquele menino de mais cedo ainda estava brincando com seu passarinho.

- Olha que passarinho bonitinho, Rafael!

- É, você mal vai acreditar no que eu vi mais cedo.

O menino repara nos irmãos parados, e vem correndo até eles dois.

- Moço, moço! Olha só! O meu passarinho tá bem!

- *Piu...* - O periquito parece meio tristinho.

- Hããã... É! - Eu tento o meu melhor pra fingir que eu não estou desconfortável com aquela situação.

O periquito parece meio amassado. Mas que bom que ele ainda está vivo.

- Vamos lá, Carlitos, quer um pouco de uvas passas?

- *...* O passarinho fica quieto.

- Você queeer, não queeer?

- *...*

- Abre a boquinha!

- *Piiiiuuu.*

O menino força a uva passa na boquinha do periquito, que claramente não está muito feliz com a situação.

- Uhh, acho que... Eu vou indo, então. Tchau!

- Aaah, mas já? Você bem que podia ficar mais um pouco pra...

Quando o menino abaixa a sua guarda, o periquito começa a bater suas asas, assustando o menino, que joga o periquito para a frente. O periquito então começa a voar pra bem longe daquele lugar.

- *Piiiiiiiiiiu!*

- Oh nããão! Carlitos! Por quêêê?

- Rápido, Ramon, vamos meter o pé daqui!

Nós dois saimos correndo enquanto o menino está ocupado demais chorando. Começou a escurecer. Tava tudo tão diferente, sabe?

Enquanto corria, sem prestar atenção no caminho, o Ramon bate com o seu pé bem forte na televisão quebrada que estava naquela rua sinistra.

- .... - Ramon para por um segundo. - Você não lembra dessa televisão?

- Hmm? Acho que não? Eu não sei do que você tá falando. - Eu só ignoro o Ramon e continuo a correr. - Rápido, Ramon, vem!

- .... Sério? Você tinha quebrado essa televisão quando a gente era mais novo, aí ela só mostrava estática. E esse cachorro aqui... Ele... É o Café, não é?

- Ei. Vamos logo.

- Lembra quando você deixou a porta de casa aberta, aí ele saiu correndo e parou no meio da rua, só pra que um carro...

- Ramon, chega. Vamos logo. Você tá me deixando com dor de cabeça.

- Rafael, você esqueceu disso? Ou você só não... Quer... Ter que lembr-

A gente finalmente chega na casa da Jasmin, e eu bato na porta.

- Nossa, finalmente, eu tava morrendo de fome! - Ramonboy fala, todo alegre.

- Ah, Rafaboy, você chegou! Acabou que eu nem consegui sair pra te acompanhar porque eu estava ocupada demais arrumando um monte de pratos apetitosos pra você. E... Espera, quem é esse? - Jasmin pergunta, depois de abrir a porta, sorrindo, como sempre.

- Ele é o meu irmãozinho. Eu achei ele bem de frente pro oceano.

- Nossa, que bom. Vocês chegaram na hora certa! Eu preparei bastante coisa pra vocês comerem!

- Nossa, que bom! Tava morrendo de fome! - Ramonboy reclama e logo depois sai entrando na casa da Jasmin, só deixando nós dois lá fora.

Na verdade, no momento que eu consegui espiar o lado de dentro da casa dela, eu vi uma mesa cheia de comidas deliciosas e... Aquele espelho que tava lá dentro não tá mais lá? Por que ele sumiu?

- Tudo bem? - Jasmin pergunta, preocupada.

- Ah, claro. Eu só não tô com tanta fome assim, sabe? Na verdade, eu me sinto bem cheio.

- Tudo bem. Quer dar uma caminhada então?

- Pode ser. Eu acho que vou passar no restaurante, então.

- Ah sim, é uma boa idéia. O pessoal de lá é bem legal, né? - Jasmin parece alegre com a idéia.

- Sim, então vou lá mesmo!

Eu dou tchau para a Jasmin, e ela fecha a porta. Na mesma hora, eu escuto o som de passos ali por perto. Parando pra pensar, o som está vindo de onde eu acordei hoje de manhã. Eu decido ir examinar quem estava fazendo aquele som, e esbarro com
uma mulher usando roupas amarelas.

Ela é diferente, o que será que faz por aqui?

- Ah, olá, menino. - Ela dá um oi.

- Oi...! O que... Você faz por aqui?

- Aconteceu um pequeno imprevisto... E, uhh, o ônibus que eu estava sem querer me deixou pra trás quando eu foi ao banheiro, e agora eu tô atravessando essa estrada escura pra chegar onde eu estava indo em primeiro lugar.

Eu fico surpreso com a determinação daquela mulher.

- Nossa, você não vai se cansar? Se precisar de alguma coisa, tipo comida ou água, pode passar na casa da minha amiga!

- Legal, e onde ela mora?

- Logo ali, naquela casinha em Rafacity.

- ... Rafa o que? - Ela fica em silêncio por alguns segundinhos, com um rosto meio incrédulo.

- .....

- Olha, menino, eu tenho que ir. Boa sorte com seja lá o que que você esteja procurando nessa floresta.

E com isso, a moça sai andando, logo desaparecendo de vista.

Depois da mulher sumir de sua vista, Rafaboy escuta um som familiar.

É um grito, alguém estava a gritar o seu nome. A pessoa que estava a gritar era meio familiar, como se ele já conhecesse a pessoa há anos.

- Está vindo dessa direção.

Ele segue o som e esbarra numa casa abandonada na floresta.



    Continua....

 

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