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Capítulo 6 - Boa Noite


                RAFABOY ZERO
                -- o livro --


Rafaboy escuta um som familiar.

É um grito, alguém estava a gritar o seu nome. A pessoa que estava a gritar era meio familiar, como se ele já conhecesse a pessoa há anos.

- Está vindo dessa direção.

Ele segue o som e esbarra numa casa abandonada na floresta.

Já está de noite.

- Que breu... Eu não consigo ver nada.

A única coisa que Rafaboy consegue ouvir é o som do vento nas árvores próximas, e o som de grilos. tudo estava tão estranhamente quieto...

O clima mudou radicalmente, tá ventando bastante e Rafael está com frio e sua barriga dói. Tá tudo escuro, muito muito escuro.

Rafaboy mal consegue ver a cor da casa, mas ele consegue ver o reflexo vazio nas janelas quebradas, as vinhas que cresceram, parecendo segurar a casa como grandes braços protetores, espalhados por toda a parte.

Essa casa abandonada está num lugar tão... Diferente.

- De manhã eu achei que não tinha nada por aqui...

Ele tenta abrir a porta da frente. Pra sua sorte, a porta se abre como se não tivesse sido aberta há anos.

..... Essa música, sim, essa música...

Lá dentro, ele escuta o som da vaga melodia do desenho que ele costumava assistir todos os dias. A televisão parecia estar ligada, mas não estava. Não mais. A televisão parecia quebrada, os fios corroídos e danificados.

- Que estranho... Eu podia jurar que... Pera.

Rafaboy tenta ligar a luz da sala, e pra sua surpresa, a lâmpada ainda estava funcionando, do jeitinho que ele lembrava, mas a luz estava um tanto quanto apagada, como se não fosse ligada a uma eternidade. Ela estava fraca e iluminava pouco a sala de estar, mas ainda era melhor do que a escuridão. Que ainda o asssustava, mesmo depois de tantos longos anos na escuridão completa.

A casa assustou o rapaz. Tudo estava tão destruído, ver tal situação deixou o menino enjoado, tudo estava tão precário, ele perguntou-se sobre uma pessoa, alguém muito especial, sua mãe, onde ela estava?

Ele ouviu o grito lá de fora, ela deve estar por aqui em algum lugar, certo?

Ele escutou um choro vindo do andar de cima. Ele reconhece a voz, era tão familiar...

Ele corre, sobe as escadas como se sua vida dependesse de sua velocidade, e chega no quarto de sua mãe. Lá ele encontra uma cama sem lençóis, com o colchão danificado por inteiro. O colchão estava quase verde, infestado com fungos.

O guarda roupa de madeira estava vazio, com uma pasta caída no chão, com vários documentos dentro. ele parecia reconhecer o menino que estava dentro. era um documento do Rafael. Ao lado tinha um quadro caído no chão, rachado depois de cair de cara no chão. Naquele quadro, tirado há uns 8 anos atrás, apenas estão Rafael e seus pais. Ele se lembra, então, de uma época onde só estavam naquela casa Rafael e seus pais...

Mas essa época já se foi, e agora ele tinha que focar no presente.

Ele então desce as escadas, seguindo para o seu quarto, onde ele finalmente se depara com algo... Incomum, para dizer o mínimo.

Tinham escadas onde a sua mesinha costumava estar. O seu armário estava todo quebrado e vazio, e a sua cama nem estava mais lá naquele quarto.

As escadas eram feitas de pedra, com uma cor diferente, como se elas não fossem para estar ali.

Rafael se sente estranhamente seguro, então ele desce as escadas.

Caminhando por uma série de túneis estreitos, sem parecerem ter nenhum fim, Rafael se sente meio... Desconfortável. Os túneis antigos de pedra, velhos e desgastados por terem sido construídos há muito, muito tempo, ficavam menores e mais estreitos a cada passo.

A cada passo, Rafael sentia um cheiro amargo e infértil que fazia a ponta do meu nariz arder com um cheiro fétido e amargo, bem familiar.

Eu senti um arrepio, enquanto vários pensamentos voltavam a minha cabeça. Eu caminhava, e começo a sentir medo enquanto eu caminho. Eu sentia medo, e não parava de tremer.

Documentos, papéis, arquivos e mais arquivos estavam largados no chão enquanto Rafael passava por eles sem saber o que fazer, além de, claro, seguir em frente. Ele, cansado e tremendo, para e olha pra trás, a escuridão de onde ele veio. O túnel continua, então Rafael continua sua caminhada, seguindo para frente sem rumo.

Então ele sente uma dormência no seu rosto. Ele percebe que esteve tremendo não de medo, mas sim de frio e nojo. Frio e nojo. Muito frio e muito nojo. Rafael se sente muito inquieto, correndo em direção ao túnel aparentemente infinito que não acabava nunca. O teto parecia estar se fechando, então ele corre mais, e mais e mais. Até...

O túnel acabar. Ele olha pra frente, e tem um muro. Como se tivesse sido colocado lá de qualquer jeito, e ao olhar pra trás, tinha outro muro. Ele não conseguia seguir em frente e nem voltar atrás... Mas-

Ele olha pro lado, e lá está, uma entradinha apertada para um quartinho. Com uma construção estranha no meio... Mas, o que era aquilo exatamente? Ele sobe as escadas, tremendo, e repara em algumas sacolas pretas com ossos e equipamentos de cirurgia, como seringas e coisas que não deveriam estar ali, como alicates e chaves de fenda.

Incontáveis papéis se molharam no chão e Rafael finalmente chega no topo da... Piscina. Lá tinha uma lona comprida que se estendia de um lado ao outro.

Ele sente um cheiro que deixa seu nariz totalmente dormente, aquele era o aroma fétido da morte. Ele já conhecia muito bem o cheiro, especialmente depois de tudo o que havia acontecido naquela noite, que aconteceu já a tanto tempo.

Ele sente um milhão de sentimentos ao mesmo tempo, especialmente um impulso para sair correndo e fugir, mas não tinha para onde fugir, certo?

Ele puxa a lona comprida.

E... Lá estava você.

Daqui pra frente foi um borrão.

Eu corri pra fora da sala, ofegante, sem se importar com o cheiro terrível. Ele olha pra fora, e algo olha de volta. Aquela coisa se escondia por trás da escuridão. Apenas observando, sem reação qualquer.

Com o crânio de algum animal em seu rosto, envolvido por escuridão, aquela coisa finalmente abre a sua boca.

- Rafael, me- Desculpa. - A coisa falou bem baixo, como se não estivesse acostumada a falar muitas palavras antes. - Você só está aqui... Por culpa minha, me desculpe, eu vou... Te deixar ir agora.

E então, tudo ficou branco.

Eu estava na floresta de novo. Na porta da Jasmin.

Ela abriu a porta, sem sorrir.

- Nossa, você tá pálido, por acaso você viu um fantasma? - Jasmin brinca.

- ......

- Rafael, você tá tão sério... O que você gostaria de fazer agora?

- Eu não quero mais... Ficar aqui.

- ... Entendi. - Jasmin me manda mais um de seus sorrisos, dessa vez, entretanto, o sorriso dela parecia mais natural do que das últimas vezes. - Antes disso, você não gostaria de comer um pouco de bolo com café?

- Eu não tô com muita fome...

- Tudo bem! Entre aqui, por favor. - Jasmin abre caminho, e eu entro na casa dela mais uma vez.

O Ramon não estava lá dentro, mas eu já esperava por isso mesmo.

- Agora, Rafael, por favor, feche bem os seus olhos. Quando abrir os olhos, só caminhe em direção ao espelho, e diga o que você deseja de verdade.

- Tudo bem. - Eu fecho meus olhos.

..... E então eu ouvi um silêncio ensurdecedor.

Ao abrir meus olhos novamente, eu não estava em lugar nenhum. Tava tudo escuro e algo diferente estava a brilhar mais para a frente.

Eu caminho e encontro o espelho. O espelho não reflete nada, ele está completamente preto.

- Ok, então... Dizer o que eu desejo de verdade?

.....

"- Eu... Quero ficar aqui, com os meus amigos para sempre. Eu quero estar no controle."

**E então tudo ficou claro de novo, e lá estavam eles! Os meus amigos, cada um deles. O que a gente poderia fazer agora? Ir no parque de diversões? Ou passar mais tempo naquele balanço de pneu? Talvez, agora que eu tenho todo o tempo do mundo, a gente poderia ver o que tem do outro lado do oceano?**

*N-Não... Isso não é uma idéia muito boa para desejar, pelo contrário... Isso seria algo terrível.*

Rafael continua parado na frente do espelho, e ele finalmente pensa no que dizer.

- Eu quero... Seguir em frente. Sair desse lugar, é tudo o que eu poderia querer. Eu quero descansar, por favor.


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© Luidy 2024 | Por favor não roube as minhas coisas. Nem venda elas. Ah é, e dê o crédito.

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